A seca que o Brasil enfrenta em 2024 ameaça a safra de cana-de-açúcar e, consequentemente, a oferta global de açúcar. O país, que foi responsável por 75% do açúcar bruto comercializado mundialmente em 2023, enfrenta chuvas fracas em março, abril e maio, o que pode prejudicar significativamente a qualidade da cana colhida pelas usinas no segundo semestre. A produtividade, que pode parecer inicialmente promissora, é esperada para diminuir abruptamente mais tarde na temporada. Este cenário preocupa o mercado global de açúcar, especialmente considerando as restrições de exportações da Índia, o segundo maior produtor mundial.
Apesar de uma projeção inicial otimista para a safra de 2023, com um aumento na produção para 652,9 milhões de toneladas, a instabilidade climática se apresenta como o principal desafio para a safra de 2023/2024. Fatores como o excesso de chuvas em São Paulo e a possibilidade de floração indesejada no Paraná devido ao clima úmido podem afetar negativamente tanto a colheita quanto a qualidade do açúcar produzido.
Os impactos da seca não se limitam ao Brasil. A condição climática global, incluindo as previsões de chuva para os meses iniciais de 2024, é monitorada de perto pelos mercados, que já ajustam suas expectativas para a próxima safra. A situação sugere que, embora haja uma expectativa de disponibilidade maior de açúcar, as condições restritivas ao desenvolvimento da cana podem levar a ajustes nas previsões de safra. Essa dinâmica é refletida nos preços futuros do açúcar, que podem ser afetados se a seca continuar a impactar a produtividade da cana.
A longa duração da seca já começa a levantar preocupações para a safra de 2024/2025, indicando a importância de monitorar as condições de desenvolvimento da safra para prever os possíveis impactos no mercado de açúcar. O cenário é agravado pelo fato de que, mesmo com a Organização Internacional do Açúcar revisando para baixo sua projeção de déficit global para 2023/24, a melhoria das previsões climáticas para o Centro-Sul do Brasil pode não ser suficiente para mitigar os efeitos adversos da seca nas exportações de açúcar.
Assim, o Brasil enfrenta um ano desafiador para a produção de cana-de-açúcar, com implicações significativas não apenas para o mercado interno, mas também para o equilíbrio global de oferta e demanda de açúcar.
Gabriel Silvério – COO (Chief Operating Officer) / Diretor de Operações