Relatório da FGV revela perspectivas positivas para o setor em meio a uma Selic elevada
No dia 28 de agosto de 2024, um relatório divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) revelou que o empresariado brasileiro, particularmente no setor da construção civil, continua a demonstrar otimismo apesar das condições econômicas adversas. Este otimismo contrasta com o cenário macroeconômico desafiador marcado por uma taxa Selic elevada, que atualmente se encontra em 10,5% ao ano.
Resiliência do Setor de Construção Civil
De acordo com o relatório, o Índice de Confiança da Construção (ICST) subiu 1,8 pontos em agosto, alcançando 99,2 pontos, se aproximando da zona de otimismo (acima de 100 pontos). Este aumento reflete a confiança dos empresários na retomada do crescimento do setor, impulsionada pela demanda por novos projetos de infraestrutura e habitação. Os analistas da FGV apontam que, apesar do impacto das condições de crédito mais restritivas, a resiliência do setor tem sido sustentada por investimentos públicos e privados, além de uma relativa estabilidade nos custos dos materiais de construção.
Impacto da Selic no Cenário Econômico
No entanto, a taxa Selic elevada continua a ser uma preocupação significativa para a economia brasileira. A manutenção da Selic em patamares altos visa controlar a inflação, que vem mostrando sinais de resistência devido a fatores externos, como a volatilidade nos preços das commodities e a instabilidade do mercado internacional. Essa política monetária restritiva, embora necessária para combater a inflação, impõe desafios consideráveis ao financiamento de longo prazo, essencial para projetos de infraestrutura.
A elevação dos custos de financiamento afeta diretamente a acessibilidade a crédito, tanto para empresas quanto para consumidores. No setor imobiliário, por exemplo, o encarecimento dos empréstimos impacta a demanda por imóveis, enquanto no setor produtivo, as empresas enfrentam maiores dificuldades para financiar expansões e novos empreendimentos.
O Cenário Econômico Brasileiro
O cenário econômico brasileiro neste final de agosto de 2024 apresenta uma combinação de fatores complexos. O crescimento do PIB no segundo trimestre foi revisado para baixo, registrando um aumento de apenas 0,2% em relação ao trimestre anterior, refletindo a desaceleração da atividade econômica. A inflação acumulada em 12 meses permanece acima da meta estabelecida pelo Banco Central, justificando a manutenção da Selic em níveis elevados.
Entretanto, há sinais positivos que alimentam o otimismo dos empresários. O mercado de trabalho tem se mostrado resiliente, com uma leve queda na taxa de desemprego, agora em 7,8%, o menor nível desde 2015. Além disso, o agronegócio continua a ser um pilar fundamental da economia, com expectativas de uma safra recorde para 2024, o que pode impulsionar o crescimento no segundo semestre.
Perspectivas para o Futuro
A expectativa é que o Banco Central comece a reduzir gradualmente a Selic no final de 2024, à medida que a inflação mostre sinais mais concretos de desaceleração. Essa perspectiva, aliada ao potencial de recuperação da atividade econômica, mantém o otimismo no setor de construção civil e em outros setores produtivos. No entanto, a cautela continua a ser necessária, dado o ambiente econômico global instável e os desafios internos persistentes.
Em resumo, o empresariado brasileiro demonstra resiliência e otimismo em meio a um cenário econômico desafiador. A construção civil, em particular, se destaca como um setor que, apesar das adversidades, mantém perspectivas positivas para o futuro próximo.